Felipe Ribeiro e Rashaun McLemore foram até Crateús e conheceram a única atleta de basquete feminino da cidade.

Eram 6h da manhã quando o ala-pivô Felipe Ribeiro e o ala-armador americano Rashaun McLemore saíram de Fortaleza com destino a Crateús, cidade do sertão do Ceará, que fica a 351km da capital. Acompanhados pelo coordenador de comunicação e marketing do Solar Cearense, João Costa, e do fotógrafo Stephan Eilert, pegaram a estrada na última segunda-feira (14), para fazer uma surpresa a Ivily Kayane. A estudante de 11 anos,  treina desde os 9 e é a única menina da região a jogar basquete. Ela é treinada pelo pai Ivan Pereira, um dos maiores incentivadores da modalidade na cidade.

“Eu vi que o time estava fazendo visitas a algumas escolas e entrei em contato pelas redes sociais para saber se existia a possibilidade deles virem até Crateús. É uma forma de tentar desenvolver o pessoal mais jovem, as crianças, muito por causa da minha filha. Quero tentar proporcionar para essa garotada que está vindo aí, uma oportunidade que eu não tive”, destacou Ivan.

O pai de Ivily trabalha em uma empresa local de abastecimento de água para a zona rural e é estudante de educação física. Ele treina a filha e conta que a estudante ia para a quadra com ele porque não tinha com quem ficar em casa, quando ia treinar o time masculino. “Ela ficava batendo bola, me despertou o interesse e comecei a passar alguns fundamentos. Vi que ela estava desenvolvendo habilidade e gostando da modalidade, então passei a me dedicar mais a treiná-la. Junto o dinheiro do meu trabalho para quando ela tiver a oportunidade de jogar, eu possa levá-la. Como não tem time feminino aqui, nos deslocamos para cidades vizinhas como Sobral e Pedra Branca”, explica Ivan.

A equipe chegou na hora do almoço em Crateús e foi direto para a casa da atleta para fazer a surpresa. Ivily se emocionou quando Felipe mostrou um vídeo que a Hortência, uma das maiores jogadoras de basquete do Brasil, fez para ela. É na ex-atleta que a estudante se espelha. A emoção tomou conta de todos que estavam na sala, inclusive dos pais da menina. “O basquete é a minha vida. Quando via meu pai jogando eu também quis praticar e não quero mais parar. Além da Hortência, sou fã do Davi (Rossetto), Felipe e Rashaun. Não dá nem para acreditar que eles estão aqui. Acompanho todos os jogos que posso com o meu pai”, disse a tímida Ivily Kayane.

Os jogadores visitaram ainda a escola onde Ivily estuda, falaram sobre o Solar Cearense e suas experiência com o basquete. Fizeram uma competição de lances livres e distribuíram brindes do time. Logo em seguida foram até uma quadra pública da cidade, onde Ivan treina alguns jovens, que puderam jogar ao lado de Felipe e Rashaun.

“Falar dessa viagem é deixar o coração falar. Foi uma experiência maior do que eu esperava. Rodamos quase 400km para chegar no sertão, em uma cidade que não tínhamos muita informação, mas chegar lá e encontrar uma garota de 11 anos, que é a única jogadora de basquete feminino da cidade, que joga com meninos, sentar na sala dela e ser recebido com muito carinho, foi incrível. O pai é um guerreiro, que dá aula de basquete de graça na cidade. Quando o vídeo da Hortência começou a ser passado, ela começou a segurar mais forte a minha mão, chorou e aquilo foi contagiando todos. Nunca vi o Rashaun chorando e ele se emocionou, eu também chorei, vi a mãe dela com a mão na cabeça também chorando foi algo indescritível, muita emoção. A escola parou para nos receber, fizemos algumas brincadeiras, falamos da história do Basquete Cearense, das nossas histórias, falamos da Ivily. Foi sensacional. Na quadra de rua, onde batemos bola com a galera que joga na cidade, mais uma experiência legal. Valeu muito ver o sorriso que tiramos da Ivily. Foi verdadeiro, maravilhoso”, descreve Felipe Ribeiro.